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  • E o que acontece com as novas gerações que estão se preparando para o mercado de trabalho?

    Já não podem mais contar com essa idéia de uma carreira profissional para a sua vida. Fala-se de preparação para as diversas situações de trabalho que vão ser encontradas no decorrer da vida ativa e, portanto, este preparo tem que ser não só escolar, mas também preparo em termos de habilidades, qualidades que, em parte, são aprendidas na escola, são trazidas também do meio social onde vivem: a família, os círculos sociais mais imediatos de convivência do indivíduo, os amigos, o bairro, os vizinhos, o clube, a rua. Deverá aprender determinadas habilidades de convivência social, de cooperação dentro de um grupo, saber levar um trabalho coletivo, onde provavelmente haverá discussões de qual será a melhor forma de fazer um trabalho. E é preciso saber compartilhar, cooperar, conviver com situações conflituosas no trabalho em grupo.

  • Nesta ruptura, qual é a mudança fundamental, qual é o novo modelo de trabalho que está entrando?

    Houve uma grande diminuição no padrão de assalariamento do trabalhador com carteira assinada, contribuindo para a Previdência Social. O mais característico deste novo modelo são as formas de trabalho não-assalariadas, o trabalho autônomo, as múltiplas formas de trabalho onde o indivíduo tem que vender os seus próprios bens ou serviços e procurar encontrar uma clientela que compre e pague por estes serviços. Isto implica numa perda de estabilidade no trabalho, porque o sujeito hoje tem cliente, amanhã não tem. A gente fala também em mudança tecnológica, além da automação, métodos de organização do processo de trabalho, em que o trabalhador passa a ser capaz de desenvolver várias tarefas, não se quer mais aquele trabalhador especializado, aquele trabalhador de rotina. O novo trabalhador deve ser capaz de administrar, de identificar problemas, saber trabalhar em grupo, tomar iniciativas, perceber que um problema está para acontecer e tentar impedir que aconteça. Também tivemos um processo de redimensionamento no setor público, principalmente na administração direta, onde empresas governamentais estão sendo privatizadas. Houve planos de demissão voluntária em vários estados. Um outro fenômeno que gera o trabalho autônomo, mas que é distinto das formas pessoais, trabalhadores altamente qualificados que são demitidos ou se demitem, e passam a prestar serviços através de uma microempresa para a mesma entidade ou instituição na qual encontravam-se empregados anteriormente. Isto está se tornando muito comum. No setor petroquímico, por exemplo, a manutenção de máquinas, equipamentos é feita por ex-funcionários através de microempresas que são altamente especializadas. São as terceirizações. No setor público também acontece isso.